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Urano, deus grego



index do verbete Na teogonia hesiódica, Urano (gr. Οὐρανός) é a personificação do Céu estrelado; emergiu de Gaia e imediatamente a recobriu em toda a sua extensão, tornando-se seu consorte. A partir da união entre o céu e a terra (sc. Urano + Gaia) o mundo começou, efetivamente, a tomar forma e nesse ponto a mitologia grega concorda com outras tradições antigas[1]. Urano foi a primeira divindade a assumir o controle do mundo.

A princípio, Urano gerou divindades poderosas, selvagens e incontroláveis, que obedeciam apenas sua própria natureza: os Ciclopes e os Hecatônquiros. Mais tarde ou até antes, segundo Hesíodo (Th. 132-3), gerou os [Titãs], ancestrais dos deuses olímpicos e dos mortais.

Os primeiros filhos

Os Ciclopes

Os Hecatônquiros

Titãs e titânides

Os titãs (gr. Τῑτᾶνες), um pouco menos selvagens que os irmãos, mas igualmente poderosos, eram Oceano, Ceos, Crios, Hipérion, Jápeto e Crono; suas irmãs, as titânides (gr. Τῑτανίδες), eram Réia, Téia, Febe, Têmis, Mnemósine e Tétis.

A linhagem dos titãs é a mais importante das duas, pois foi um deles, Crono, que destituiu o pai e assumiu o controle do Universo.

O pai desnaturado

Urano detestou todos os filhos desde o começo (Hes. Th. 155-6); provavelmente, também os temia. À medida que nasciam, mantinha-os sob a terra, não os deixava ver a luz, e "se deliciava com essa obra maligna" (Hes. Th. 158). Assim, após um começo enérgico, a formação do mundo havia chegado a um impasse: o potente Urano, embora tivesse gerado novas e poderosas divindades, não permitia que deixassem o interior de Gaia.

Titãs, ciclopes e hecatônquiros, presos no interior da mãe, temiam o pai e nada faziam. Gaia, porém, incomodada com a potência inútil de Urano, atulhada e ofendida, começou a conspirar contra o próprio marido.

A destituição de Urano

Um belo dia, a mãe de todos finalmente se cansou das loucuras de Urano e urdiu um astucioso plano para libertar os filhos e ao mesmo tempo se livrar do incômodo vigor do marido. Criou, em suas entranhas, o ferro mais resistente, fez com ele uma afiada foice e pediu ajuda aos filhos. Somente Crono (gr. Κρόνος), o mais novo, de "pensamentos tortuosos" (Hes. Th. 168), que odiava o pai e não o temia, concordou em ajudá-la.

Armado da foice, Crono se escondeu e à noite, quando Urano recobriu Gaia, decepou com um só golpe os genitais do pai e lançou-os no mar. Libertou, a seguir, todos os irmãos presos no interior da terra.

Urano continuou a cobrir Gaia diariamente, mas sem tocá-la: privado da capacidade geradora, "aposentou-se" e não procriou novamente. Mas esperma que caiu dos genitais cortados produziu, ao atingir o mar, a espuma de onde saiu a deusa Afrodite. O sangue de sua ferida, ao cair sobre a terra, gerou as ninfas melíades, as erínias e, posteriormente, os gigantes.

Iconografia e culto

Urano, Montanhas, Ciclopes e Hecatônquiros não eram objeto de culto, nem habitualmente representados em obras de arte.

Na arte, as erínias eram em geral representadas como três mulheres de ar ameaçador, com ou sem asas. Ésquilo, na Orestéia, mostrou-as com serpentes nos cabelos e sangue nos olhos (A. Ch. 1048-50 e 1057-8). Em Atenas, onde tinham um santuário, eram consideradas bondosas e chamadas de Eumênides ("benévolas").

Notas

A separação entre o céu e a terra é um mecanismo importante na cosmogonia (formação do mundo) que aparece com freqüência em muitas fontes não-gregas, algumas consideravelmente antigas: o Livro dos Mortos egípcio (c. -1300), o Cântico de Ullikumi hurrita-hitita (-1400/-1200), o Enuma Elish babilônico (séc. -VII) e o Gênesis hebreu (-900/-450).

f.: Portal grécia antiga
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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